Pós Covid: Você está sofrendo com queda de cabelo?

18 junho, 2021
Imagem do Artigo Pós Covid: Você está sofrendo com queda de cabelo?

Você sabia que um dos efeitos colaterais da infecção pelo Covid-19 é a queda acentuada de cabelo?

A perda dos fios, assim como dor de cabeça, fadiga, falta de ar e dificuldade de concentração, está relacionada ao que pesquisadores chamam de Covid-19 persistente, quando os sintomas podem durar semanas e até meses após o paciente ter contraído o vírus.

O relato da perda dos fios tem se tornado comum entre pacientes que se recuperaram da doença, chegando ao impressionante número de uma em cada quatro pessoas, ou seja, 25% do total, conforme estudos recentes. Em geral, esta perda mais acentuada acontece em torno de 2 a 3 meses após a infecção.

CICLO DE VIDA DO CABELO

Antes de entender como a infecção pode levar à queda, é importante conhecer o ciclo de vida do nosso cabelo; o qual é composto por 3 fases:

A primeira fase é a ANÁGENA (conhecida como fase de crescimento) – é a fase ativa do cabelo. É quando as células mortas mais antigas são empurradas para fora do bulbo capilar. O cabelo cresce aproximadamente 1 cm por mês e permanece nesta fase ativa entre 3 e 6 anos. Cerca de 80% a 85% dos folículos capilares estão nesta fase!

A segunda fase é a CATÁGENA (conhecida como fase de repouso ou transição). Nesta fase o cabelo deixa de ser nutrido pelo folículo capilar e para de crescer. É uma fase rápida, com duração aproximada de 3 semanas. Cerca de 3% dos fios estão nesta fase!

A terceira e última fase é a TELÓGENA (conhecida como fase de queda). Ocorre, quando após a fase de repouso, o cabelo é liberado e cai do folículo capilar. Cerca de 6% a 8% dos fios estão nesta fase. O folículo permanece inativo por aproximadamente 3 meses e todo o processo é repetido, começando novamente na fase de crescimento do cabelo.

QUEDA DE CABELO PÓS COVID

Pesquisadores do mundo inteiro ainda trabalham com “possíveis” causas desta queda capilar pós Covid-19. Até o momento, não há uma imagem muito clara do que está acontecendo!

Ainda não se sabe ao certo se isso acontece porque o Covid-19 dá origem a uma doença capilar associada a reação autoimune do organismo (combate à infecção), se está ligado ao estresse causado pela própria doença, ou se existe algum outro fator ainda desconhecido.

Uma das principais teorias dos cientistas é de que essa queda de cabelo acentuada esteja relacionada a uma condição capilar conhecida: o EFLÚVIO TELÓGENO.

Já se sabe que após estados infecciosos, associados a sintomas severos, há uma queda de cabelo mais intensa. Isto acontece porque nessas situações, o corpo deixa de priorizar funções que não são consideradas essenciais para a sobrevivência. Como o Covid-19 provoca alguns sintomas severos, como febre, mal-estar, acometimento pulmonar, trombose, além de efeitos inflamatórios intensos no organismo, ele pode sim, vir a provocar uma queda de cabelo importante (eflúvio telógeno) pós infecção.

Em alguns estudos, os pesquisadores levantam possíveis causas para esta queda capilar pós Covid-19 como fatores psicossociais e estresse psicológico. Eles levantam também outras hipóteses dos mecanismos por trás disso, como a infecção multissistêmica.

Numa delas, uma cascata de coagulação surge no corpo em resposta à infecção por Covid-19, o que leva a queda na concentração de proteínas anticoagulantes (dada a queda de produção e o aumento do consumo). Esses fatores podem levar à formação de microtrombos (pequenos coágulos) que podem obstruir o suprimento de sangue para os folículos capilares.

Além de todas as hipóteses descritas acima, há também os fatores que podem influenciar nesse processo, como a existência de outras doenças prévias ou alteração anterior no couro cabeludo, como por exemplo a calvície. Nessas situações, a somatória de queda de cabelo decorrente do Covid-19 pode fazer com que a queda capilar seja muito expressiva e precise de um tratamento eficiente para que a mesma possa ser estabilizada.

TRATAMENTO DA QUEDA PÓS COVID

Há uma boa notícia em meio a tanta turbulência. De acordo com a presidente do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira e Dermatologia, a tendência é que, haja uma retomada natural dos fios, ou seja, o paciente vai ter uma queda abrupta, mas esse cabelo vai se recuperar na sequência.

Porém, isso dependerá, por exemplo, do histórico de cada paciente e da dimensão da queda de cabelo em questão. Se ela for leve e transitória, a recuperação deve ser espontânea. Mas algumas pessoas podem apresentar perdas mais significativas, o que exigiria tratamento médico.

Desta forma, recomenda-se sempre procurar médicos dermatologistas (especializados ou não em cabelos, os tricologistas) para que eles possam fazer um diagnóstico adequado para o problema e prescrever (se necessário) tratamentos efetivos, evitando assim efeitos duradouros e até mesmo irreversíveis.

Os tratamentos, quando indicados, podem combinar uma série de procedimentos, como vitaminas e medicamentos via oral, microinfusão de medicamento, laser capilar, bem como tônicos e shampoos adequados. Este tratamento é extremamente individualizado, e, depende do histórico e da situação em que se encontra cada paciente!

O eflúvio telógeno é uma condição indolor, que vem sem outros sintomas. Desta forma, a maneira mais segura de identificá-lo e tratá-lo é com o auxílio de um dermatologista.